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:Diretriz australiana para tratamento da obesidade é recomendação mais bem avaliada em termos de qualidade

Frente à preocupação crescente com a obesidade, o número de diretrizes voltadas para a temática vem aumentando nos últimos anos. Uma revisão conduzida por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou 21 diretrizes clínicas publicadas entre 1998 e 2016, sendo nove da Europa, seis da América do Norte, três da América Latina, uma da Ásia, uma da Oceania, e uma de uma associação transnacional. De todas as publicações, a diretriz australiana foi a que recebeu melhor avaliação. A recomendação brasileira ficou no grupo que apresentou pior avaliação. Os resultados foram apresentados em julho no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), no Rio de Janeiro.

A pesquisa, apresentada no evento pela nutricionista Erika Cardoso dos Reis, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), contou com a colaboração da acadêmica em medicina Letícia Machado Lima e Silva e das Dras. Maria Angélica Borges dos Santos e Sonia Regina Lambert Passos, e teve como objetivo comparar a força das recomendações e o grau das evidências dessas orientações. O projeto já rendeu publicação em junho deste ano nos Cadernos de Saúde Pública.

A revisão considerou as recomendações clínicas para tratamento de obesidade em adultos. O grupo chegou às 21 diretrizes após pesquisa realizada nas bases de dados National Guideline Clearinghouse, Guidelines International Network, PubMed, Scopus, Web of Science, e em sites de instituições de saúde e sociedades de categorias profissionais. Foram incluídas na investigação diretrizes de Bélgica, Finlândia, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Escócia, Argentina, Brasil, México, Malásia, Austrália, Canadá, Estados Unidos (National Heart, Lung and Blood Institute, Defense Department, Institute for Clinical Systems Improvement, American College of Cardiology e American Association of Clinical Endocrinologists), e uma da World Gastroenterology Organisation.

As publicações foram avaliadas quanto à qualidade a partir do instrumento Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation (AGREE II). A diretriz australiana foi a que recebeu a melhor avaliação geral, seguida pelas publicações de Inglaterra, Argentina, França, México, Estados Unidos (ICSI) e Alemanha. A recomendação com pior avaliação foi a da World Gastroenterology Organisation.

As publicações que apresentavam o mesmo nível de qualidade tenderam a ter recomendações similares. De maneira geral, as autoras encontraram convergências em alguns pontos, por exemplo, quanto às indicações e faixas de índice de massa corporal (IMC) para o tratamento medicamentoso. O orlistate foi o único medicamento indicado, sendo orientado para pacientes com IMC igual ou maior que 30 kg/m2 ou igual ou maior que 28 kg/m2 na presença de comorbidades.

Todas as diretrizes, segundo a Erika, recomendam ainda terapia cognitivo-comportamental como abordagem psicológica. A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com IMC igual ou maior que 40 kg/m2 ou igual ou maior que 35 kg/m2 quando há comorbidades.

“Quanto ao tratamento dietético, é unânime a recomendação da redução da ingestão de calorias”, afirmou a palestrante, destacando que esta redução deve ser de 500 a 1000 Kcal/dia.
Quanto à prática de atividade física, a pesquisadora explicou que não houve consenso sobre o tempo ou a necessidade de prática diária, embora, em geral, a recomendação para 150 a 300 minutos de atividade física por semana tenha predominado como evidência elevada. A falta de consenso nesse quesito, segundo Erika, pode “estar relacionada com o fato de que a realização de atividade física deve considerar a composição corporal das pessoas com obesidade, a aptidão para a realização de determinadas atividades, e os hábitos socioculturais”.

Nota ao leitor:

As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Referência: https://portugues.medscape.com/verartigo/6502705