A apendicite aguda (AA) é a causa mais freqüente de abdome agudo nas urgências em pacientes jovens. Portanto, é necessário que médicos das mais diversas especialidades que trabalham no pronto atendimento, incluindo generalistas, pediatras e cirurgiões estejam aptos a diagnosticá-la.
Epidemiologia
Trata-se de uma patologia rara antes dos dois anos de idade e pouco freqüente acima dos sessenta anos. Seu tratamento é eminentemente cirúrgico, porém seu diagnóstico ou, ao menos, a suspeição deste deve ser de competência médica de qualquer especialidade e de suma importância para plantonistas de pronto-atendimento (PA).
Fisiopatologia
A causa mais comum é a obstrução do lúmen apendicular, que ocorre geralmente por um fecalito, e mais raramente, por lifonodo, cálculo de origem biliar, corpo estranho ou neoplasia. Subsequente a obstrução ocorre acúmulo de secreções e aumento da pressão intraluminal levando ao comprometimento do retorno venoso, favorecendo a isquemia, proliferação bacteriana e, por fim, o desenvolvimento de processo inflamatório infeccioso.
Propedêutica
Quando o paciente apresenta-se com sintomas típicos, o diagnóstico é relativamente simples, principalmente no sexo masculino. Em crianças pequenas, pessoas idosas e aquelas com sintomas atípicos, no entanto, o diagnóstico pode ser protelado, o que torna o tratamento mais difícil, podendo ter um desfecho desfavorável.
De um modo geral o paciente descreve um quadro clínico de dor abdominal, febrícula e anorexia. A dor é do tipo cólica leve, localizada em região periumbilical que posteriormente migra e se localiza em fossa ilíaca direita. A semiologia aqui faz grande diferença. Os sinais mais utilizados são:
. Sinal de Blumberg caracterizado por dor ou piora da dor à compressão e descompressão súbita no ponto de McBurney (localizado no entre os terços médio e distal de uma linha traçada da cicatriz umbilical até a crista ilíaca ântero-superior).
. Sinal de Rovsing, ou seja, dor em quadrante inferior direito após compressão do quadrante inferior esquerdo.
Apesar do diagnóstico de AA ser eminentemente clínico, dois exames laboratoriais podem auxiliar na investigação: hemograma e urina tipo I (ou sumário de urina). Mediante sinais de dor abdominal há mais de seis horas associada a presença de leucocitose e ausência de alterações urinárias (principalmente no sexo masculino) nos levam a forte suspeição diagnóstica de apendicite.
Esses exames acompanhados de minuciosa pesquisa clínica permitem adequado diagnóstico na imensa maioria dos casos. Lembre-se de que o sedimento urinário alterado não afasta, de maneira absoluta, a apendicite aguda. Em casos duvidosos podemos lançar mão de outras ferramentas como Ultrassonografia e Tomografia computadorizada de abdome.
Conduta
O tratamento da apendicite aguda é cirúrgico e consiste na apendicectomia, na drenagem de eventuais abscessos e na limpeza da cavidade abdominal. A cirurgia deve ser indicada assim que o diagnóstico for feito. O paciente deve permanecer em jejum e receber, ainda no pré-operatório, hidratação, eletrólitos e glicose por venóclise. Portanto, diante de um quadro suspeito solicite a avaliação de um cirurgião.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.Referências:
* GORTER, R. R. et al. Diagnosis and managment of acute appendicitis. Surgical Endoscopy (2016) 30: 4668. https://doi.org/10.1007/s00464-016-5245-7
* PORTO, Celmo C. Semiologia médica. 6ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
* TOWNSEND C.D. et al. Sabiston: Tratado de Cirurgia, A Base Biológica da Prática Cirúrgica Moderna. 20ed. Elsevier, 2016.
https://www.pebmed.com.br/apendicite-aguda-como-diagnosticar-com-poucos-recursos/