Dra. Carolina Gonçalves - Saúde Digestiva e Cirurgia

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5 passos para prevenir na infância o câncer do adulto

Como já sabemos, o desenvolvimento de câncer na idade adulta é resultado da combinação de fatores de risco carcinogênicos e fatores genéticos. Os fatores genéticos são aqueles que tornam o indivíduo mais resistente ou sensível à exposição ambiental ou a substratos endógenos. Ao contrário do que ocorre nos adultos, os fatores etiológicos ambientais que contribuem para o surgimento de câncer na criança ainda não são totalmente conhecidos, porém o que sabemos é que a prevenção dos casos de câncer em adultos deve ser iniciado na primeira infância.

De fato as estatísticas assustam. Estima-se que, nos EUA, cerca de 42% dos casos de câncer em adultos com 30 anos ou mais foram de alguma forma associados a fatores de risco modificáveis, sendo o uso de tabaco associado a 28,8% das mortes por câncer, seguido pelo excesso de peso corporal.

1 – Tabagismo

Devemos destacar o tabaco como principal fator de risco evitável ao desenvolvimento de câncer em todo mundo. Este não se associa apenas ao câncer de pulmão, mas também a outros tipos de câncer como de cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, colo do útero e leucemias. Cabe ressaltar que os derivados do tabaco como charutos, cachimbos , narguilé, cigarros de palha, entre outros, também são nocivos à saúde e representam um importante fator de risco para o câncer.

2 – Obesidade e sobrepeso

Seguido do tabaco, devemos ressaltar a influência da obesidade e do sobrepeso na infância como fatores carcinogênicos. Estima-se que a obesidade seja responsável por cerca de 14% das mortes por câncer em homens e 20% em mulheres. Quanto a este fator, cabe ao pediatra orientar e prevenir a obesidade no meio infantil, sendo esta estratégia a forma mais segura de prevenir o desfecho para vários tipos de câncer na fase adulta.

3 – Dieta

Em terceiro lugar encontramos como fator carcinogênico a dieta. Sabe-se que uma das causas de câncer mais estudadas atualmente é a inflamação crônica. Esta, por sua vez, está relacionada ao dano oxidativo do DNA que pode determinar mutações nos genes supressores de tumor. O papel da dieta neste mecanismo ainda vem sendo estudado, porém estudos preliminares revelaram que alimentos com alta carga glicêmica contribuem para inflação crônica, assim como alimentos ricos em ômega 3, ômega 6, fruta, vegetais e grãos estão associados a propriedades anti-inflamatórias. Ainda devemos ressaltar que alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas estão diretamente relacionados com o aumento do risco de câncer, portanto a escolha dos alimentos ingeridos na infância contribui de forma substancial para uma vida adulta saudável.

4 – Exposição à radiação

Em quarto lugar destacamos a exposição à radiação ionizante. Este fator vem se tornado relevante nas últimas décadas com o aumento indiscriminado dos exames de imagem que utilizam este método. Portanto, cabe ao médico avaliar se os benefícios superam os riscos referentes à radiação, otimizando assim as solicitações de exames para cada caso.

Ainda dentro da quarta posição temos a exposição à radiação ultravioleta. A luz solar é importante para a síntese de vitamina D, mas a longo prazo pode induzir a ocorrência de tumores cutâneos. Diante deste fato, a Academia Americana de Pediatria recomenda evitar a exposição direta ao sol entre 10 e 16 horas, cobrir a pele com roupas e chapéus, aplicar protetor solar com fator de proteção de 15 ou mais, e evitar bronzeamentos artificiais.

5 – Infecções

Em quinto lugar destacamos as infecções como o caso do Papiloma Vírus Humano (HPV), que pode levar aos casos de câncer de colo uterino, pênis e orofaringe, e o vírus da Hepatite B muito relacionado aos hepatocarcinomas. A incidência desses tipos de câncer vem diminuindo de forma importante depois da introdução da vacina contra estes vírus no Calendário Nacional de Vacinação.

Assim, esses dados vêm a reforçar que uma vida adulta saudável, em todos os aspectos, está intimamente relacionada com os hábitos cultivados na infância.

Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Referência: https://pebmed.com.br/5-passos-para-prevenir-na-infancia-o-cancer-do-adulto/