Dra. Carolina Gonçalves - Saúde Digestiva e Cirurgia

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Excelente condicionamento físico diminui risco de câncer pulmonar e colorretal

e você for um médico em busca de evidências eloquentes para convencer os pacientes sedentários – com ou sem câncer – a se manterem longe das telas e iniciarem um programa de exercícios, não precisa mais procurar.

Os resultados de um dos estudos de coorte retrospectivo mais diversificado até hoje mostram que o bom condicionamento cardiorrespiratório pode reduzir o risco de câncer de pulmão e de câncer colorretal para algumas pessoas.

O grande estudo, com mais de 49.000 pacientes, também avaliou pacientes com câncer.

Ao rever os dados dos participantes do Henry Ford Exercise Testing (FIT) Project, no sudeste de Michigan de 1991 a 2009, os pesquisadores também descobriram que os participantes com melhor condicionamento cardiorrespiratório de acordo com o teste ergométrico tiveram uma incidência drasticamente menor de morte por todas as causas após o diagnóstico de câncer colorretal ou pulmonar.

O estudo, feito pela Dra. Catherine Handy Marshall, médica da Johns Hopkins School of Medicine, em Baltimore, Maryland, foi publicado on-line em 06 de maio no periódico Cancer.

“Os resultados do estudo em tela corroboram a ideia de que a realização do teste de esforço fornece importantes informações adicionais sobre o risco de câncer e de morte após o diagnóstico de câncer na população geral, com encaminhamento clínico”, escreveram os autores.

A Dra. Catherine disse: “os médicos devem estimular e encorajar os pacientes a melhorar seu condicionamento físico”.

Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 49.143 pacientes consecutivos adultos (mediana de idade de 54 anos), encaminhados por seus médicos para fazer o teste ergométrico entre 1991 e 2009.

O condicionamento cardiorrespiratório foi medido como equivalente metabólico da tarefa (MET, do inglês Metabolic Equivalente Task) classificados nos seguintes níveis:         < 6 MET, de 6 a 9 MET, de 10 a 11 MET e ≥ 12 MET. A maior média de nível de condicionamento cardiorrespiratório foi de 9,7 MET para os homens e 8,1 MET para as mulheres.

Ao longo de um acompanhamento mediano de 7,7 anos, os participantes com maior MET (≥ 12) no condicionamento cardiorrespiratório tiveram risco 77% menor de incidência de câncer de pulmão (razão de risco ou hazard ratio, HR, de 0,23; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 0,14 a 0,36) do que aqueles com menos condicionamento cardiorrespiratório.

Os participantes com maior MET também tiveram risco 61% menor de câncer colorretal.

Os pacientes com câncer também se beneficiaram. Os autores do estudo informaram que um elevado nível de condicionamento cardiorrespiratório reduziu drasticamente o risco de morte subsequente depois do diagnóstico de câncer de pulmão ou câncer colorretal.

Dentre 388 pacientes com câncer de pulmão, aqueles com níveis mais altos de condicionamento cardiorrespiratório antes do diagnóstico tiveram risco 44% menor de morte por todas as causas do que seus pares com pior aptidão física. A mediana do tempo até o diagnóstico foi de 4,9 anos.

Entre os 220 casos de câncer colorretal diagnosticados durante o acompanhamento, a redução do risco de morte foi ainda maior. Os participantes com melhor condicionamento cardiorrespiratório antes do diagnóstico tiveram risco 89% menor de morte por todas as causas em comparação aos participantes com MET mais baixo. A mediana do tempo até o diagnóstico foi de 3,6 anos.

    “Nossos achados são provenientes da primeira, maior e mais diversificada coorte avaliando a repercussão do condicionamento físico nos desfechos de câncer”, disse a Dra. Catherine em uma declaração.

No total, 46% da coorte FIT eram do sexo feminino, 29% dos participantes eram negros e 1% eram hispânicos.

Esses achados estão alinhados com os de trabalhos anteriores feitos com duas coortes menores, somente com homens, indicaram os pesquisadores. Nesses estudos, o condicionamento cardiorrespiratório foi associado a risco de 55% a 61% menor de incidência de câncer de pulmão e de 44% a 70% menor de incidência de câncer colorretal.

Os achados do FIT também são semelhantes aos de estudos anteriores, como os do Copenhagen Male Study . O FIT demonstrou que um bom condicionamento cardiorrespiratório anterior ao diagnóstico pode reduzir o risco de morte por câncer.

Os autores observaram que o condicionamento cardiorrespiratório é uma medida de gasto máximo de energia que engloba atividade física, genética, idade e saúde funcional global do organismo.

   “Em comparação com a atividade física isolada, o condicionamento cardiorrespiratório prevê melhor a doença cardiovascular e a morte por todas as causas e melhora a classificação de risco de doença cardiovascular quando acrescentado aos fatores de risco tradicionais”, disseram os pesquisadores.

 

Como publicado, este estudo contribui para o aumento das evidências de que a prática de exercícios desempenha um papel importante na prevenção do câncer e traz benefícios para os pacientes que vivem com câncer. Mesmo a caminhada regular parece diminuir a morte por todas as causas em comparação à inatividade.

Na última primavera, a Clinical Oncology Society of Australia (COSA) emitiu uma declaração de posicionamento sobre a prática de exercícios recomendando que faça parte do atendimento de todos os pacientes com câncer.

           Não é para todos?

No novo estudo, a análise de subgrupo por sexo e raça espelhou a maior parte das constatações do estudo. No entanto, não houve evidências de que um bom condicionamento físico tenha reduzido o risco de câncer colorretal entre os participantes da coorte do sexo feminino ou negros.

Isso pode ter acontecido em função dos menores tamanhos de amostras desses subgrupos, disseram os pesquisadores.

Os autores indicaram que as mulheres têm menor incidência de câncer colorretal em comparação aos homens e tendem a ser diagnosticadas em idade mais avançada. Além disso, possíveis variáveis de confusão, como a menopausa e o uso de tratamento de reposição hormonal, não foram avaliadas.

Da mesma forma, os pesquisadores referem que os norte-americanos negros têm mais incidência de câncer de cólon em comparação com os norte-americanos brancos, e “não foram tão bem representados em nosso grupo de bom desempenho cardiorrespiratório”.

Os pacientes com melhor condicionamento cardiorrespiratório da coorte tenderam a ser mais jovens e do sexo masculino, e ter menor índice de massa corporal (IMC). Eles também tiveram menos probabilidade de ser fumantes, tomar ácido acetilsalicílico ou estatinas.

Os fatores que contribuem para o aparente efeito protetor do condicionamento físico estão atualmente sendo ativamente investigados, observaram os pesquisadores. Estes abrangem melhor a função respiratória, a diminuição do tempo de trânsito intestinal, a melhor função imunitária e a redução da inflamação sistêmica.

A Dra. Catherine Handy Marshall informou ter tido relações financeiras com a empresa Bristol-Myers Squibb para o estudo em pauta e com as empresas McGraw-Hill e DAVA Oncology fora do escopo deste trabalho. Alguns coautores também divulgaram ter relações financeiras com a indústria farmacêutica.

    Nota ao leitor:

As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Referência: https://portugues.medscape.com/verartigo/6503584#vp_2