Dra. Carolina Gonçalves | Como a poluição do ar pode estar associada a obesidade e diabetes em crianças
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Como a poluição do ar pode estar associada a obesidade e diabetes em crianças

Em crianças Sul americanas obesas e menos favorecidas, uma maior exposição à poluição do ar foi associada a um efeito adverso nos marcadores de homeostase da glicose, que refletem o risco de diabetes tipo 2, em um novo estudo.

Especificamente, neste estudo de crianças com idade entre 8 e 15 anos no início, e acompanhadas por uma média de 3,5 anos, a exposição a níveis mais elevados de poluição atmosférica foi associada a menor sensibilidade à insulina, à diminuição da função das células beta e a um maior índice de massa corporal (IMC) aos 18 anos – independente do excesso de peso inicial.

O estudo de Tanya L. Alderete, University of Southern California (USC), Los Angeles, e colaboradores, foi publicado on-line em 30 de janeiro no periódico Diabetes.
“O conceito mais difundido é de que o atual aumento do diabetes é resultado de um aumento na obesidade como consequência de estilo de vida sedentário e dietas ricas em calorias”, disse o autor sênior Dr. Frank Gilliland, da Keck School of Medicine, USC, em um comunicado divulgado pela universidade. No entanto, “nosso estudo mostra que a poluição do ar também contribui para o risco de diabetes tipo 2”.

“É importante ressaltar que os efeitos adversos da poluição do ar sobre a homeostase da insulina, a sensibilidade à insulina e a função das células beta foram independentes da adiposidade”, ressaltam Tanya e colaboradores.


Embora os resultados não possam ser generalizáveis para outras populações, “este estudo fornece evidência de um papel importante da exposição à poluição do ar na etiologia do diabetes tipo 2 em jovens”, concluem os pesquisadores.


Poluição do ar e homeostase da glicose

Estudos anteriores relataram que a poluição do ar ambiente e relacionada ao tráfego pode contribuir para o desenvolvimento de obesidade e diabetes tipo 2, observam Tanya e colaboradores.

No entanto, não se sabia se a exposição em longo prazo a níveis elevados de dióxido de nitrogênio e material particulado fino (<2,5 µm) teriam um efeito adverso sobre a sensibilidade à insulina e a função das células beta em crianças com alto risco de desenvolver diabetes.

Para investigar isso, os pesquisadores examinaram dados de 314 crianças latinas que moravam em Los Angeles, não tinham diabetes e tinham sobrepeso ou obesidade (IMC acima do percentil 85) quando se inscreveram no Air Study, no Childhood Obesity Research Center (CORC).

As crianças tinham uma idade média de 11 anos; 58% eram do sexo masculino e 66% estavam na pré-puberdade ou em puberdade precoce.
Eles fizeram exames físicos anuais e testes para determinar a tolerância à glicose, sensibilidade à insulina e função das células beta (resposta insulínica aguda à glicose, sensibilidade à insulina).

Os pesquisadores também determinaram o status socioeconômico das crianças e estimaram a quantidade de poluição atmosférica a qual haviam sido expostas em cada mês no ano anterior.

A maior exposição à poluição do ar ambiente foi associada a efeitos adversos na homeostase da glicose, após ajuste para sexo, estágio de puberdade de Tanner, estação do ano, status socioeconômico, porcentagem de gordura corporal e ano de entrada no estudo.

Por exemplo, aos 18 anos, uma diferença de 4 µg/m³ na exposição em longo prazo o material particulado fino foi associado a um nível de insulina de jejum 27% mais alto (P = 0,01) e um nível de insulina 37% maior no teste oral de tolerância à glicose de duas horas (P = 0,007) – indicando menor responsividade à insulina.
Na idade de 18 anos, a exposição crônica a uma taxa 5-ppb maior de óxido de nitrogênio foi associada a uma função 13% menor das células beta (P = 0,04).

A maior exposição à poluição do ar também foi associada a um aumento mais rápido do IMC e da adiposidade central nessas crianças, que já tinham sobrepeso ou obesidade.


“A qualidade ruim do ar parece ser um catalisador para obesidade e diabetes em crianças, mas as condições provavelmente são forjadas por vias diferentes”, especulou o autor.


Todos devem evitar exposição desnecessária à poluição do ar

O estudo indica que os adultos também devem tentar minimizar a própria exposição à poluição do ar, quando possível, dizem os autores.

“É importante considerar os fatores que você pode controlar – por exemplo, saber que de manhã e à noite, os horários de trânsito intenso, podem não ser o melhor momento para uma corrida”, observou Tanya.

“Mude seu horário de forma que você não realize uma atividade física extenuante perto das fontes de poluentes ou durante os horários de pico”.

Os autores declararam não possuir conflitos de interesse relevantes.

Diabetes. Publicado on-line em 30 de janeiro de 2017.
Artigo completo: http://diabetes.diabetesjournals.org/content/early/2017/01/27/db16-1416.long
referência: http://portugues.medscape.com/verartigo/6500969#vp_2

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