Dra. Carolina Gonçalves | Laparotomia versus laparoscopia: o que são? Como são feitas? Quais as vantagens e desvantagens?
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Laparotomia versus laparoscopia: o que são? Como são feitas? Quais as vantagens e desvantagens?

O que é laparotomia?

A laparotomia (do grego: láparos = abdômen; tomos = corte) é a abertura cirúrgica da cavidade abdominal para fins diagnósticos e/ou terapêuticos. Em termos populares é a cirurgia “de barriga aberta”. Ela não é uma prática recente, remontando à antiguidade, mas teve grande expansão no século 20, graças ao advento das drogas curarizantes, da intubação traqueal, do maior conhecimento da anatomia e fisiologia da parede abdominal e dos processos de cicatrização da ferida cirúrgica. A laparotomia envolve uma incisão no abdômen para acessar órgãos internos, variável de tamanho segundo o procedimento cirúrgico a ser executado, mas quase sempre grande. Uma mini-laparotomia pode envolver uma incisão oito a dez centímetros, mas uma laparotomia exploratória pode envolver uma incisão que percorre quase todo o comprimento do abdômen.

O que é laparoscopia?

O termo “laparos” vem do grego e significa abdômen. Laparoscopia se referia, a princípio, a uma maneira de olhar dentro do abdome. Hoje em dia, ela se refere também a uma intervenção cirúrgica minimamente invasiva, muito utilizada em cirurgias ginecológicas, urológicas e outras (mesmo fora do abdômen). Seu primeiro uso, em 1987, foi para a retirada da vesícula biliar, embora já houvesse antecedentes menos ambiciosos desde a década de 60. Atualmente, graças à evolução da tecnologia, pode-se acessar praticamente quase todos os órgãos do corpo humano. Este procedimento é feito com aparelhos introduzidos no corpo por uma porta de entrada e que contêm em sua extremidade uma minicâmera que transmite imagens em alta resolução para monitores de vídeo, as quais permitem ao cirurgião praticar as intervenções necessárias e que podem ser gravadas para estudos posteriores. Este procedimento é chamado, então, videolaparoscopia. Usada primitivamente quase só para fazer diagnósticos, a videolaparoscopia atual permite colher material para biópsias e praticar intervenções cirúrgicas antes só possíveis com cirurgias abertas.

Como é feita a laparotomia?

A laparotomia é sempre realizada em um centro cirúrgico. Previamente à intervenção deve ser feita uma sedação, como pré-anestesia, visando deixar o paciente mais calmo, sonolento e relaxado. Em seguida, o paciente deve receber medicações anestésicas que o manterão adormecido e sem sentir dor durante todo o ato cirúrgico. O tônus muscular e a atividade contrátil da musculatura são abolidos através de curarizantes (medicamentos que interrompem a transmissão do impulso nervoso na junção neuromuscular). O paciente deverá receber também uma sonda endotraqueal através da qual o anestesista procurará manter a ventilação adequada, uma vez que o paciente não estará mais respirando por própria conta. Em seguida, o cirurgião pratica uma incisão vertical no abdômen no caso de laparotomia exploradora ou na região a ser tratada no caso de laparotomia terapêutica e então faz o exame dos órgãos abdominais ou a intervenção sobre a parte doente. Depois de realizada a intervenção programada, a parede abdominal é fechada e suturada com fios apropriados. Quase sempre, depois da cirurgia, o paciente é levado de volta para seu quarto, depois de um curto período de recuperação e observação em uma sala apropriada do centro cirúrgico, podendo também, conforme o caso, ser encaminhado para uma unidade de terapia intensiva (UTI). O tempo da alta varia em cada caso, de acordo com o tipo de cirurgia realizada e com o estado clínico do paciente. A retirada dos pontos de sutura será programada pelo cirurgião.

Como é feita a laparoscopia?

O paciente também deve ser internado e submetido à anestesia geral, mas conforme a cirurgia pode deixar o hospital no mesmo dia ou nos dias logo a seguir. A laparoscopia terapêutica consiste em que o médico faça pequenas incisões na região a ser examinada ou tratada, por onde introduz um laparoscópio (um fino tubo de fibras óticas contendo uma câmera em sua extremidade), através do qual pode visualizar os órgãos internos, bem como os instrumentos de que utilizará para fazer as intervenções cirúrgicas planejadas. Os instrumentos usados nas laparoscopias são idênticos aos usados nas cirurgias tradicionais, só que mais delicados. Se a cirurgia for feita no abdômen, certa quantidade de gás (dióxido de carbono) é introduzida dentro da cavidade a fim de expandi-la e criar um “campo” para se realizar a cirurgia. Esta técnica também pode ser utilizada em outros tipos de cirurgias, como em operações nas articulações(artroscopias), por exemplo, principalmente nas cirurgias de joelho.

Quais são as vantagens e desvantagens da laparoscopia em relação à laparotomia?

A partir de 1988 a laparotomia vem sendo substituída em muitos casos pela laparoscopia. Contudo, ela tem indicações precisas e eletivas, cabendo ao cirurgião indicá-la quando necessário. Ela pode ser feita com finalidade diagnóstica em que se “abre a barriga para ver o que está acontecendo” ou para executar um procedimento cirúrgico sobre uma doença já identificada, para a qual a laparoscopia não seja indicada.

Sempre que possível, contudo, a laparoscopia deve ser preferida porque ela tem a vantagem de ser minimamente invasiva, ocasionar um menor trauma cirúrgico, menos sangramento durante a cirurgia, menor dor pós-operatória, recuperação pós-cirúrgica mais rápida e um retorno mais rápido às atividades habituais, além de menores cicatrizes. Além disso, reduz o risco de infecções, as deformidades que podem ser produzidas pelas cicatrizes e a ocorrência de aderências pós-operatórias. Como todo procedimento cirúrgico, a laparoscopia também envolve riscos, mas desde que feita por um profissional experiente. Nas intervenções laparoscópicas abdominais o risco de maior gravidade, mas raro, é a perfuração de órgãos como o intestino, estômago, aorta, etc., ou a ocorrência de hemorragias abdominais ou peritonites. Ademais, ela pode produzir algum desconforto adicional em razão da distensão abdominal que acarreta, pode gerar problemas respiratórios e arritmias cardíacas. Por outro lado, a anestesia necessária para realização de uma laparoscopia é de menor profundidade que a necessária para uma laparotomia, o que também reduz os seus riscos.

Adicionalmente, pacientes com doenças cardíacas ou respiratórias graves, obesos, portadores de hérnia diafragmática ou de doença inflamatória pélvica, grávidas, etc., merecem atenção especial do cirurgião em relação à laparoscopia e muito mais em relação à laparotomia.

O tempo de recuperação, sempre mais longo na laparotomia que na laparoscopia, torna-se maior quanto mais extensa for a incisão e o procedimento realizado.

A laparotomia sempre é uma intervenção muito desconfortável e agressiva, além disso, pode causar dores e infecções inesperadas, o que adia e dificulta o retorno às atividades cotidianas ou pode gerar complicações graves e às vezes fatais.

Referência: http://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/563097/laparotomia+versus+laparoscopia+o+que+sao+como+sao+feitas+quais+as+vantagens+e+desvantagens.htm

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