Dra. Carolina Gonçalves | O comportamento depois da cirurgia bariátrica é essencial para perda de peso significativa
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O comportamento depois da cirurgia bariátrica é essencial para perda de peso significativa

Variáveis pré-operatórias têm sido o foco de numerosos estudos sobre cirurgia bariátrica.  Agora um estudo que analisou fatores pós-operatórios demonstrou que avaliar as práticas de controle do peso e comportamentos alimentares depois da cirurgia, assim como uso problemático de drogas ilegais, pode afetar significativamente a perda de peso do paciente.

O Dr. James E. Mitchell, da North Dakota School of Medicine and Health Sciences em Grand Forks, e seus colegas publicaram os resultados do estudo Longitudinal Assessment of Bariatric Surgery-2 (LABS-2) online em 20 de abril no JAMA Surgery.
Em particular, os dados sugerem que o desenvolvimento de mudanças positivas no comportamento, incluindo cessar comportamentos negativos ou melhorar comportamentos positivos, podem afetar a quantidade de perda de peso”, escrevem os autores.

Para maximizar os efeitos favoráveis da cirurgia bariátrica em adultos gravemente obesos, é essencial identificar fatores que estão associados com o sucesso da perda de peso depois da cirurgia. Assim, os autores conduziram um estudo para avaliar os preditores pós-operatórios da quantidade de peso perdida após a cirurgia bariátrica em adultos gravemente obesos.

O estudo LABS-2 incluiu 2022 pacientes pós cirurgia bariátrica, dos quais 1513 foram submetidos ao by-pass gástrico em Y de Roux (RYGB) e 509 foram submetidos a banda gástrica ajustável por via laparoscópica (LAGB). Todos os participantes realizaram a cirurgia bariátrica pela primeira vez entre março de 2006 e abril de 2009, e foram acompanhados até setembro de 2012.

As pesquisas foram conduzidas em participantes antes da cirurgia e então anualmente após a cirurgia por três anos. As pesquisas analisaram 25 comportamentos pós-operatórios que são considerados modificáveis, incluindo aqueles relacionados a comportamentos e problemas alimentares, práticas para perda de peso, e uso problemático de drogas.

A idade mediana dos participantes do estudo foi de 47 anos, e o índice de massa corporal mediano foi de 46; 78% eram mulheres. Três anos após a cirurgia bariátrica, o percentual de perda de peso mediano observado foi de 31,5% a partir do peso basal para a RYGB e de 16,0% para LAGB.

Entre os participantes submetidos a RYGB, três comportamentos explicaram a maior parte da variabilidade (16%) na mudança de peso com três anos de seguimento. Em particular, os participantes que se pesavam semanalmente, paravam de comer ao se sentirem cheios, e pararam de comer continuamente ao longo do dia perderam em média 38,8% do peso basal. Isso foi cerca de 14% mais do que os participantes que não realizaram esses comportamentos mais do que aqueles que sempre tiveram esses comportamentos saudáveis.

O Dr. Mitchell e seus colegas observaram que resultados semelhantes foram obtidos com a LAGB. “Os resultados desse estudo sugerem que certos comportamentos, muitos dos quais modificáveis, estão associados com diferenças na perda de peso de impacto significativo em pacientes submetidos a RYGB ou LAGB. A magnitude dessa diferença é grande e clinicamente significativa”, escrevem. “Em particular, os dados sugerem que desenvolver mudanças positivas no comportamento, incluindo cessar comportamentos negativos ou aumentar comportamentos positivos, pode afetar a quantidade da perda de peso”.

Os autores ainda destacam a necessidade dos médicos de direcionarem esses comportamentos em pacientes depois que foram submetidos a cirurgia bariátrica. “Programas estruturados para modificar comportamentos alimentares problemáticos e padrões de alimentação após a cirurgia bariátrica deveriam ser avaliados como método para melhorar os resultados no peso em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica”, concluíram.

O Dr. Amir A. Ghaferi, a Dra. Marilyn Woodruff, e a Dra. Jenna Arnould, todos do VA Ann Arbor Healthcare System em Michigan, enfatizam que “aqueles que realizam cirurgias bariátricas deveriam buscar métodos melhores para tratamento longitudinal”.

No entanto, eles também apontam a dificuldade encarada pelos médicos quando tentam diferenciar os efeitos do comportamento dos pacientes de fatores hormonais ou genéticos que podem contribuir para redução da perda de peso depois da cirurgia bariátrica.

“Atualmente, nós devemos aos nossos pacientes uma infraestrutura para maximizar a aderência às melhores práticas, enquanto procuram evitar uma abordagem de ‘tamanho único para todos”, concluem.
JAMA Surg. Publicado online em 20 de abril de 2016. Resumo do artigoExtrato do editorial.

Referência: http://portugues.medscape.com/verartigo/6500161

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