Dra. Carolina Gonçalves | Obesidade: até quando vamos assistir à essa epidemia?
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Obesidade: até quando vamos assistir à essa epidemia?

A pandemia global da obesidade é um problema grave de saúde pública em expansão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o número de obesos no mundo dobrou de 1980 a 2008.
De acordo com um importante estudo publicado recentemente no New England Journal of Medicine, realizado por um grupo de pesquisadores de vários países do mundo (The GBD 2015 Obesity Collaborators), que analisaram dados de 195 países, a prevalência de obesidade mais que duplicou em todo o mundo desde 1980. Os problemas de saúde resultantes do excesso de peso agora afetam mais de 2 bilhões de pessoas.

Em 2015, 107,7 milhões de crianças e 603,7 milhões de adultos eram obesos em todo o mundo, cerca de 30% da população mundial. Entre os 20 países mais populosos, o maior nível de obesidade adulta foi no Egito (35,3%) e o maior nível de obesidade infantil foi nos Estados Unidos (12,7%). Em muitos países, as taxas de obesidade entre as crianças estão aumentando mais rapidamente do que as taxas de obesidade em adultos, particularmente na China e na Índia, que apresentou o maior número de crianças obesas. Outro achado preocupante foi o aumento de cerca de três vezes da obesidade observada em adultos jovens nos países em desenvolvimento, como o Brasil e a Indonésia.

Os pesquisadores também descobriram que, em 2015, um IMC elevado contribuiu para cerca de 4 milhões de mortes. Quase 70% das mortes relacionadas ao IMC elevado foram devido a doenças cardiovasculares, e mais de 60% dessas mortes ocorreram entre pessoas obesas.

Obesidade vs desnutrição
O excesso de peso e a obesidade estão ligados a mais mortes em todo o mundo que a desnutrição. Globalmente, há mais pessoas obesas do que abaixo do peso – isso ocorre em todas as regiões do mundo, exceto em partes da África subsaariana e da Ásia, de acordo com a OMS.

Custos globais

Segundo um estudo realizado pelo McKinsey Global Institute em 2014, o custo referente aos gastos relacionados à obesidade representam 2,8% do produto interno bruto (PIB) global, cerca de 3 trilhões de dólares. Custo quase equivalente ao impacto global do tabagismo ou da violência armada, da guerra e do terrorismo.

Onde vamos parar?

Se a prevalência da obesidade continuar aumentando no ritmo atual, quase metade da população adulta mundial estará com excesso de peso ou obesidade até 2030.
Um estudo recente, estimou que cerca de 62 a 76% da população mundial atualmente apresenta níveis de  gordura corporal que podem ser prejudiciais a saúde. Além disso, mais de 50% dos indivíduos obesos do mundo vivem em 10 países (listados em ordem de número de indivíduos obesos): EUA, China, Índia, Rússia, Brasil, México, Egito, Alemanha, Paquistão e Indonésia.

Obesidade como doença

Adultos, adolescentes e crianças lutam diariamente contra o excesso de peso que está associado a numerosas comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono e diversos tipos de câncer.
Um estudo publicado este ano no British Medical Journal, examinou evidências de 204 estudos publicados anteriormente, que analisaram os resultados combinados de várias pesquisas investigando a ligação entre a gordura corporal e o desenvolvimento de tumores específicos, revelando que atualmente há forte evidência da ligação entre o excesso de gordura corporal e o risco aumentado de 11 tipos de câncer: cólon, reto, endométrio, mama, ovário, rim, pâncreas, gástrico, sistema do trato biliar, e alguns tipos de câncer de esôfago e de medula óssea.

A obesidade é considerada mundialmente uma doença crônica por várias importantes instituições, deve ser tratada por meio de uma abordagem multidisciplinar, individualizada e em longo prazo.

Como enfrentar o problema?

É preciso encarar a obesidade como uma doença crônica, complexa e multifatorial, sem solução simples, que requer uma estratégia de intervenção internacional e abrangente urgente, que deve ser combatida de frente e com seriedade por todos os setores da sociedade.

A falta de ações efetivas nesta luta demonstram a necessidade de novas abordagens e soluções para uma problema que se apresenta como uma das grandes e graves epidemias da atualidade.

Ao contrário de outros grandes riscos globais, como a desnutrição infantil e o tabagismo, a obesidade não está diminuindo, por isso é preciso encará-la sem medo, como uma prioridade na saúde pública mundial.

Obesidade se trata com ação e educação, por isso é necessário um movimento de liderança global urgente que possa ajudar os países e as instituições a intervirem mais efetivamente nos principais determinantes que exacerbam o atual ambiente obesogênico.

Referência: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501488#vp_2

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